Gerara aquela realidade sem esforço. Agora, tudo era um rio que corria; tudo era fácil e sem demoras porque a derrapagem do real era um hábito. O real escorria para si e ela absorvia-o com a maior passividade possível, por forma a manter vivo o curso das coisas. Não era possível que fosse de outra maneira, compreendia. A vida era uma sucessão de tédios que se encadeavam uns nos outros, cada um com o seu curso específico que não era possível quebrar. O ritmo estava lançado, restava-lhe jogar com o que lhe era dado e manter-se de acordo com a corrente sem a quebrar. Rasar a água como se voasse, um flutuar primordial e delicado como é próprio de ser.